Capítulo 124

5 de setembro de 2011

Sílvia dá um sorrisinho sem graça e olha para Júlia.

__Isso é mais complicado do que eu pensava… – ela está hesitante – Quer mesmo que eu faça isso?

__Claro que sim. O objetivo dessa festa é justamente esse, querida. Esclarecer os fatos do passado e fazer justiça. – diz Júlia.

__Esclarecer os fatos do… Que fatos? – Pedro parece um tanto desconfiado, como que pressentindo uma terrível revelação…

__Por favor, Sílvia. Conte para todos a sua estória.

Bruna dá uma risada.

__Isso aqui não é uma festa da sociedade! É um circo!

__Cale a boca, sua idiota! – grita Júlia, enfurecida – Esta casa é minha e faço o que bem quiser! Cale essa maldita boca!

De olhos arregalados, Bruna se aquieta, encolhendo-se junto a Pedro.

__A palavra é sua, Sílvia.

Sílvia respira fundo.

__Eu morava perto de Caiçara. E estava passando por lá quando vi uma nuvem de fumaça… O galpão estava em chamas. Eu corri com meus dois sobrinhos prá ver o que aconteceu… Então, eu vi uma moça sair do meio do fogo e correr na direção da cidade. – ela olha para Bruna – Depois eu me aproximei do galpão, apesar do fogo e da fumaça, prá saber se tinha mais alguém… E encontrei outra moça lá dentro. – agora ela olha para Júlia – Estava caída no chão, muito ferida, desacordada… Meus sobrinhos ajudaram a tirá-la de dentro do galpão. Colocamos na caminhonete e levamos prá minha casa.

Álvaro parece não entender nada, está como que esperando mais explicações… Rafael, por sua vez, entendeu tudo. Assim como Bruna. Ela está pálida, trêmula, completamente apavorada… Pedro também entendeu. Mas apenas uma parte.

__Você tá dizendo que salvou Júlia Castro do incêndio em Caiçara? – pergunta o delegado Valdomiro.

__Isso mesmo. A moça que eu tirei do meio do fogo era Júlia Castro.

Um alvoroço, um falatório, todos estão chocados e surpresos… Todos, menos Álvaro e Pedro. O ex- empresário simplesmente não acredita em uma palavra do que Sílvia diz!… E quanto a Pedro, este parece duvidar também, mas não entende o que Jaila tem a ver com tuo isso…

__Não acredito nisso. Júlia morreu no incêndio. – diz Álvaro – Está inventando essa estória só prá nos humilhar, Jaila!

__Então, a Júlia não morreu?… – fala uma atônita Raquel – Ela tá viva?

__Sim, ela tá viva. Ela ficou gravemente ferida naquele incêndio, mas conseguiu sobreviver. Eu a ajudei a se curar. Depois… – ela olha para Júlia – Não sei se devo continuar…

__Depois de restabelecida, ela foi para São Paulo. – diz Júlia num tom sério, cheio de raiva e revolta – Foi trabalhar em São Paulo. Não havia mais nada que a prendesse em Caiçara. Todos acreditavam que era uma assassina, uma vadia , uma mau caráter ambiciosa, que planejou a morte de Bruna prá ficar com o noivo dela… Todos acreditavam que Júlia estava morta e que era culpada de todas as acusações que fizeram. – ela se aproxima de Pedro – Nem o homem que dizia-se tão apaixonado acreditou na inocência dela. – olha para os pais – Nem os pais dela acreditaram que era inocente. – volta-se para Bruna – Mas ninguém duvidou de Bruna Agostine, ninguém questionou a inocência de Bruna…! Todos ficaram do lado dos poderosos! Sim, porque uma moça rica, elegante, culta e linda, jamais cometeria um crime tão terrível!… Uma moça de família rica e poderosa do Rio de Janeiro, não seria capaz de atear fogo num galpão e atacar uma jovem grávida!… Não, Bruna não seria capaz de cometer tal crime! Mas a jovem pobre, sem estudo, simples e ingênua, seria capaz sim!

__Que coisa mais doida é essa?!? – diz Rafael completamente confuso.

__Ela tá dizendo que Júlia sobreviveu ao incêndio e que Bruna é a verdadeira culpada de tudo o que aconteceu, papai. – fala Paula.

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