Capítulo 129

30 de setembro de 2011

Um silêncio de morte enche a sala. Júlia continua parada olhando para Pedro, tentando decifrar o que se passa na cabeça dele… A agitação de Bruna, que anda de um lado para o outro, incomoda-a. Álvaro parece muito chocado e preocupado agora que sabe a verdade, pois não para de esfregar as mãos… Pedro, por sua vez, está, digamos, anestesiado. Ele começa a unir os pontos dessa estória, desde o início, quando Júlia soube que era noivo de Bruna… Começa a montar este quebra-cabeça que se tornou a morte de Júlia…

As coisas que Bruna disse sobre Júlia, com tamanha convicção e lucidez… O modo frio como conduziu a situação, fazendo com que todo mundo acreditasse na culpa de Júlia… Ele mesmo acreditou que ela só queria dar o golpe, que não o amava de verdade…! Pedro respira fundo, segura Bruna pelo braço e diz:

__Porque você fez isso? Porque tentou matar a Júlia?

__Eu não fiz nada! – Bruna grita – É tudo invenção dessa mulher! A Júlia tá morta, Pedro! Essa mulher não é a Júlia!

__Porque destruiu a minha vida dessa maneira, Bruna? – agora é ele quem grita – Porque inventou essa mentira de que tinha sido ameaçada e chantageada por Júlia quando foi exatamente o contrário?

__Foi ela quem destruiu a tua vida, Pedro! Foi a maldita Júlia quem destruiu a nossa vida quando atravessou o nosso caminho naquela cidade infeliz! Ela queria o teu dinheiro, seu idiota! Inventou uma gravidez, pediu dinheiro prá se afastar e depois, prá completar, tentou me matar naquele galpão! – fala Bruna sacudindo os braços no ar, completamente descontrolada…

__Para com esse teatro, Bruna! Não tem mais show! – diz Paula – Você sabe muito bem que essa é a Júlia! E sabe também que terá de pagar pelos seus crimes!

__Crimes? Que crimes?! Foi um crime lutar pelo meu amor? Desde quando lutar pela felicidade é crime, Paula?

__Por favor, calem-se! – grita Júlia – Não há mais o que debater, nem o que questionar. Eu não voltei para ouvir suas lamúrias, Pedro. Voltei para fazer justiça. Sua esposa, assim como os pais dela, que contribuíram para a minha desgraça, serão punidos. Não por mim, mas pela lei. O delegado está aqui exatamente para isso: fazer cumprir a lei.

__Não há provas! – diz o delegado – Será sua palavra contra a de Bruna! Além disso, depois de quase vinte anos, o crime prescreveu…

__Eu sou a prova, delegado. Não entendo só de culinária, conheço um pouco da lei também… Neste caso, eu sou a vítima, delegado. Eu sofri um atentado de morte, mas sobrevivi prá contar a estória e colocar essa vagabunda na cadeia!

__Júlia, precisamos conversar. – fala Pedro – A sós.

__Não temos mais nada prá conversar, Pedro.

__Temos sim. Vamos conversar a sério, só nós dois.

__Há vinte anos atrás eu te procurei para ter essa “conversa séria”… Há vinte anos, Pedro. Agora não precisa mais.

__Precisa sim! Eu preciso saber tudo o que aconteceu de verdade!

__Ah, você ainda não sabe?!? Você sempre foi um tonto, mas dessa vez se superou, Pedro!

__Júlia, escute…

__Quer conversar? Tudo bem, vamos conversar. Saiam todos! – ela grita enquanto empurra Anadyr, Sílvia e Lorenzo – Prá fora todo mundo! Quero falar com este homem a sós!

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