Capítulo 142

24 de outubro de 2011

Ir embora. Taí uma coisa que Pedro adoraria poder fazer… Sumir, desaparecer, ir para bem longe…! E começar tudo de novo. Começar sua vida de novo, do zero. Ele soube por Paula que Júlia está voltando para a Espanha. Bem, ficou mexido sim. Não esperava pela atitude dela no final, principalmente em relação à Bruna e seu pai. Pedro ficou feliz por Júlia ter decidido encerrar essa estória, mas por outro lado, não gostou muito de saber que ela vai embora.
Vai perdê-la, pela segunda vez?… Vai deixá-la escapar novamente por conta da sua passividade, da sua falta de determinação?… Vai permitir que a mulher de sua vida se vá, pura e simplesmente por não ter coragem de tomar uma atitude radical, jogando tudo às favas?!…
Bem, talvez ele não seja mais o homem da vida dela. Talvez ela não queira mais retomar o relacionamento do passado… Será que Pedro quer? Uma coisa é certa para ele: seu casamento com Bruna acabou definitavamente. Na verdade, acabou faz tempo, ele apenas fingia que ainda havia alguma chance… E ainda mais agora, sabendo que Bruna foi capaz de tramar a morte de Júlia por inveja e despeito… Não dá para continuar com um casamento nessas condições. Bruna foi cruel e imatura. Também Júlia teve sua parcela de culpa nessa estória, quando resolveu destruir os Agostine e por tabela os Moura. Mas o crime de Bruna foi mais terrível e imperdoável. Ela destruiu duas vidas: a sua e a de Júlia.
O que fazer agora? Está aflito, ansioso, não consegue pensar em outra coisa a não ser em Júlia…! E se for conversar com ela pela última vez? Tentar convencê-la a ficar e… Que loucura! Ele já está fantasiando!
__Pedro? Pedro, meu filho?
__Hã? O que foi que disse, mãe?
__Eu tô falando com você a séculos, Pedro! Acho que você devia procurar a Bruna e tenta reconciliar com ela.
__Porque?
__Ela é sua mulher, Pedro! Tantos anos de casamento jogados fora por uma bobagem!
__Uma bobagem?… Tentativa de assassinato é bobagem, mãe? Bruna tentou matar Júlia naquele incêndio! Isso é crime, sabia?
__Mas ela não morreu, filho! Não precisa crucificar Bruna por causa de uma coisa que na verdade nem aconteceu!
__Não aconteceu porque o destino não quis! Uma coisa dessas não dá prá perdoar, mãe.
Natália senta ao lado dele.
__É por causa da Júlia, não é? Você quer se separar da Bruna prá ficar com aquela cozinheira de botequim, não é isso?
__Não. A Júlia vai voltar prá Espanha, mãe. Tô pedindo o divórcio porque não amo a Bruna, nunca amei. – ele está sendo sincero pela primeira vez na vida! – E nunca vou amar. Esse casamento foi um erro. O maior erro da minha vida. – diz tudo sem culpa alguma… – Eu nunca devia ter casado com Bruna. Eu devia ter casado com Júlia.
__Pedro!… – Natália está indignada.
__Não finja que não sabia disso, porque você sempre soube, mãe. Casei com Bruna por causa da nossa família, prá salvar a pele do papai. Prá que não ficássemos na miséria e ele não fosse prá cadeia. Foi por isso que desisti da Júlia, de viver a minha vida com a mulher que eu realmente amava… – ele segura a mão da mãe – E afinal de contas, meu sacrifício foi em vão porque ficamos na miséria e o papai ainda corre o risco de ir prá cadeia. Mas agora, sei que vocês podem se virar sozinhos. Não preciso me sacrificar mais por vocês. Tenho que seguir com minha vida e vocês dois têm de seguir com a de vocês. – ele beija a mão da mãe – Eu vou seguir meu rumo, dona Natália. E você?
__Como assim seguir seu rumo? Vai atrás daquela mulherzinha?
__Não, não vou atrás de Júlia. Não fui quando deveria ir, há dezoito anos atrás, não farei isso agora. Vou correr atrás da minha vida, mãe. Só isso.

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